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Boas-vindas à TerraSeixe

Os objetivos elencados neste site não são novos.  Porém, durante muito tempo não foram mais que um sonho quixotesco.  Até que, num dia tórrido de agosto de 2015, a convite da Acção Ambiental, uma equipa do GEOTA – importante ONG portuguesa – visitou o vale da Ribeira de Seixe.  As características da paisagem natural que nesse dia os elementos da equipa puderam observar foram suficientes para convencer as duas ONGs a trabalharem em conjunto, no sentido de assegurarem a sua preservação.

Tão-pouco é novo o reconhecimento das qualidades deste lugar.  Há já vários anos, a Bacia Hidrográfica da Ribeira de Seixe faz parte da Rede Natura 2000[1] e foi assinalada como Áreas Importantes para as Aves (IBA – Important Bird and Biodiversity Areas)[2].

Além disso, este território é considerado de extrema importância ambiental para Portugal.  À grande biodiversidade, acrescenta-se a presença de florestas mediterrânicas, consideradas como um dos mais importantes focos de biodiversidade do mundo [3].

Localização da Bacia Hidrográfica da Ribeira do Seixe
Mapa com as áreas de maior biodiversidade assinaladas a vermelho-escuro.  O vale de Seixe encontra-se delimitado a azul e a Cordão Verde do Sul de Portugal a vermelho.(Fonte: Oliveira e Palma, 2003) [3].

Há, porém, mais vontade do que ação neste reconhecimento.  De facto, a Bacia Hidrográfica da Ribeira de Seixe ainda alberga uma grande biodiversidade, incluindo não apenas os melhores fragmentos remanescentes do Carvalho-de-Monchique – a segunda maior árvore autóctone em Portugal – como também alguns vestígios da rara Floresta Laurissilva e da frágil e ameaçada vida selvagem que estes habitats abrigam.

Contudo, a imagem abaixo pode tornar-se representativa não apenas do passado (fragmento de floresta mediterrânica, à esquerda) e do presente (eucaliptal recentemente plantado, à direita), mas também do futuro (eucaliptal mais antigo no topo, pronto para abate e transformação em pasta de papel) do património natural português, outrora tão rico.

Ribeira do Seixe, Passado, Presente e Futuro
(Imagem: A. Lambe)

Estas práticas de exploração da terra ameaçam as florestas e as matas naturais da região, prejudicando não só a sua capacidade para fornecerem bens e serviços ambientais (serviços ecossistémicos), como também a resiliência destes sistemas, ou seja, a sua capacidade para absorverem os fatores de perturbação, mantendo ainda assim a sua estrutura e as suas funções essenciais [5].

A equipa formada pelo GEOTA e pela Acção Ambiental deu início a uma iniciativa ambiciosa, de grande envergadura, com o objetivo de implementar a conservação e a gestão ambiental partilhada [ver abaixo] enquanto práticas que se harmonizam – e não conflituam – com a natureza.  Não menos ambiciosa é a criação de um centro ambiental onde se desenvolverá um programa de educação e consciencialização, com vista a maravilhar os participantes e a motivar a sua preocupação com o ambiente, bem como apoiar a investigação científica.

O Projeto TerraSeixe abrange toda a Bacia Hidrográfica da Ribeira de Seixe, com uma área de 254 km2, e é de longa duração.  Pretende-se restaurar as áreas naturais de modo que um dia, daqui a um ou dois séculos (assim as alterações climáticas o permitam), possamos ter uma ideia de como era o mundo antes da nossa chegada.  Naturalmente, estes objetivos serão inalcançáveis se trabalharmos sozinhos.  Por essa razão, começámos por nos dedicar ao recrutamento de parceiros.  Hoje, há uma série de instituições que apoiam a visão de longo prazo defendida pelo Projeto TerraSeixe, que é a de transformar este território naquilo que se pretendia com a Rede Natura 2000: “um refúgio para as espécies e os habitats mais preciosos e ameaçados da Europa” [1].

REFERÊNCIAS
[1] Comissão Europeia (2017). Natura 2000.
[2] BirdLife International (2018) Important Bird and Biodiversity Areas.
[3] Oliveira R, e Palma L. (2003). The Southern Portugal Green Belt: Forest Landscape Restoration. Association for the Defence of Mértola’s Heritage (www.adpm.pt).
[4] Millennium Ecosystem Assessment (2005). Ecosystems and Human Well-being: General Synthesis. Island Press, Washington DC.
[5] Walker B, e Salt D. (2006). Resilience Thinking: Sustaining Ecosystems and People in a Changing World. Island Press, Washington DC.
[6] Račinska I, Barratt L, e Marouli C. (2015). Life and Land Stewardship. Current Status, Challenges and Opportunities. Report to the European Commission.


Tipo de floresta mediterrânica que se encontra nas zonas mais elevadas e húmidas da Bacia Hidrográfica da Ribeira de Seixe, albergando lauráceas, nomeadamente o loureiro (Laurus nobilis). Na Europa, estas florestas existem em Portugal continental, na Ilha da Madeira e em Espanha.


Benefícios além da conservação da biodiversidade original que as pessoas obtêm dos ecossistemas, tais como: comida e água; regulação do clima e controlo de doenças; renovação de nutrientes e produção de oxigénio; vantagens culturais, estéticas e de entretenimento [4].


Estratégia para preservar a natureza e a paisagem, envolvendo os proprietários e os utilizadores da terra [6].
Folhas do Carvalho de Monchique